sexta-feira, 8 de janeiro de 2010






Nutrir-se de si mesma
                                     Daniela Cota Carvalho


       A todo momento, recebemos muitos “chamados” que nos levam para fora de nós mesmas: ideais de beleza, ditaduras da moda, trabalhos, ideais de sucesso, relacionamentos...
        São convites para nos dedicarmos a algo externo a nós, muitas vezes referenciais de vida que nos chegam de fora. Quando essa dedicação é excessiva, podemos, aos poucos, começar a nos sentir “desnutridas”... Não no sentido do alimento físico propriamente dito, mas no sentido do afeto, do amor próprio, do autoacolhimento.


       Clarissa Pinkola Estés, em seu livro “Mulheres que correm com os lobos”, comenta sobre a “hambre del alma”, a fome da alma: passamos a ter fome de algo que realmente nos nutra por dentro, nos preencha, nos dê prazer de verdade e satisfaça realmente.


       Então, a pergunta é: “tenho fome de quê?”


      Como na maioria do tempo, estamos tão “fora de nós”, corremos o risco de não identificar que essa “fome” quase sempre é de si mesma, de cultivar aquilo de que gostamos, de fazer às vezes coisas simples: encontrar com uma amiga, ler um bom livro, sair para dançar... O que alimenta minha alma?


     Quando projetamos essa “falta” no outro ou em algo externo, acabamos nos deparando com alguns problemas e desequilíbrios.


     Podemos “descontar” na comida, no trabalho, nas festas, bebidas e nos relacionamentos, procurando inconscientemente e quase “desesperadamente” fora um “tesouro” que se encontra dentro.


      Nas relações amorosas, essa “fome” pode aparecer quando depositamos no parceiro a necessidade de afeto de que, no fundo, estamos em falta com a gente mesma. E como estamos na falta, acabamos cobrando muito da outra pessoa, o que pode gerar um efeito contrário ao que esperávamos receber “do outro”.


     Na verdade, ao voltar para si, percebemos o oposto: quando estamos inteiras, plenas de si mesma, nos dedicando àquilo de que gostamos, cuidando das nossas feridas, aí, sim, naturalmente nos tornamos mais atraentes, nutridas de nós mesmas, mais saciadas.


     E é aí que a relação com o “externo” se modifica. Mudamos dentro, e tudo ao nosso redor se transforma.


     Portanto, nutra-se de si mesma, reserve momentos para fazer aquilo de que gosta, para ser quem se é: uma mulher inteira.


     E assim, naturalmente, estenda isso ao outro, ao trabalho, aos afazeres e tenha uma vida “saborosamente” mais alimentada!




 







4 comentários:

  1. Oi Daniela! Feliz Novo Ano pra vc querida!
    Parabéns por esta bonita iniciativa do blog, gosto muito das suas escolhas literárias, e achei pertinente seu texto, necessitamos nos lembrar disto todos os dias!
    Grande abraço Emília

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  2. Gostei muito do texto, realmente precisamos descobrir mais sobre nós mesmas. Abraços!

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  3. Dani,
    Fiquei super feliz em ver o seu blog. Rico, intenso e delicado, como você mesma!
    E quanto ao belo texto, acredito que ele nos remeta ao verdadeiro encontro, não só com o outro, mas principalmente conosco mesmas. Me fez lembrar de uma frase do Mário Quintana que diz: "Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama tuas rosas. O resto é a sombra das árvores alheias". Parabéns! Malu Furtado

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  4. Dani, que lindo! Suas palavras fizeram muito sentido pra mim.
    Um forte abraço e que neste ano saibamos nos manter nutridas de nós mesmas!!
    Roberta

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